Não precisamos, mas eu quero, falar sobre a Aryna Sabalenka
Isso é um texto sobre carisma.
Eu pratico tênis desde 2020 por pura diversão. Sou zero competitiva, nunca tive a cabeça de “entrar para ganhar” em um jogo, mas adoro tênis! Adoro a sensação de acertar um movimento, de alcançar a bola e da velocidade. Contudo, apesar de adorar e me divertir, não sou o tipo de pessoa viciada e obcecada nesse esporte. Não sei direito a contagem de pontos (eu sei, que vergonha!) e nunca assisto aos campeonatos. Ou melhor, assistia.
Este mês tivemos o Australian Open e, graças ao TikTok, vi um vídeo de “alguns” (risos) jogadores profissionais jogando tênis com um microfone, e tive um bom momento dando risada das pérolas deles. Preciso dizer: achei genial a ideia de colocar microfones nos jogadores.
Depois desses vídeos, apareceu outro, de Aryna Sabalenka, dando uma entrevista super espontânea e divertida. Basicamente, o Australian Open me pegou pela graça, não pelo jogo em si.
Como você já deve ter percebido, outra “coisa” que fisgou minha atenção foi Aryna Sabalenka, tenista bielorrussa de 26 anos, atualmente número 1 do mundo. Assim como o campeonato, ela também não me cativou pelo jogo, mas pela sua simpatia: suas entrevistas divertidas, piadas e pensamentos intrusivos foram o grande destaque para mim. Posteriormente, descobri que não fui a única!
Tudo muito divertido, até que – momento de tensão – em sua disputa final contra Madison Keys (EUA), ela perde o primeiro lugar e quebra a raquete em quadra!
Not cool, Sabalenka. Not cool.
Tenho que admitir que, no momento, fiquei um pouco desconfortável com a cena dela quebrando a raquete e chorando com a toalha sobre a cabeça. Nas redes sociais, vi alguns comentários dizendo coisas como: “Estava toda felizinha no dia anterior e agora, só porque perdeu, quebrou a raquete.” Só. Porque. Perdeu.
Sim, a moça deixou de ganhar 3,5 milhões de dólares, um título e a chance do tricampeonato, algo que não acontece desde 1999 com Martina Hingis. E você aí, que nem deve aguentar a pressão de um torneio na sua cidade, falando “só porque perdeu…”.
Mesmo que essa prática aconteça desde sempre, quebrar a raquete em quadra não é bem visto no tênis (e gera multa). Eu concordo. Mas, além de eu não estar aqui para julgar ninguém – mas já julgando –, na minha opinião, prefiro ver alguém quebrando a raquete e, cinco minutos depois, sorrindo, enaltecendo e brincando com a adversária, do que ver alguém sendo blasé e fingindo que nada aconteceu.


Você ganha: fica feliz, orgulhoso e animado. Você perde: fica frustrado, com raiva e triste. Esses são os contrastes da vida. Nem todo mundo é Rafael Nadal.
Sabalenka joga muito bem. Ela tem uma velocidade e força incríveis (esta propaganda da Nike demonstra bem), e não é a número 1 do mundo à toa. Mas tênis, além de técnica, também é mental, e eu realmente acredito que essa personalidade expansiva e genuína dela contribua, sim, para um resultado satisfatório.
Ela não parece guardar nada para si e deixa transparecer tudo o que sente. Em jogo, se acerta, comemora; se erra, reclama. Isso tudo faz com que ela tenha uma coisa: carisma.
Me desculpem os muito técnicos e perfeccionistas, mas prefiro mil vezes consumir o conteúdo de uma pessoa com carisma e que comete alguns deslizes aqui e ali, do que acompanhar alguém que faz tudo conforme a técnica e os bons costumes mandam, mas, no final, é sem sal, sem expressão, sem aura.
Eu sei, lógico, que você não precisa ter carisma para ser bom no tênis, mas é gostoso assistir a uma pessoa autêntica jogando.
Sabalenka é querida pelo seu carisma e autenticidade, por seus modos joviais, como quem não leva a vida muito a sério: faz piada, fala coisa errada e, ainda assim (ou por isso?), é destaque não só no ranking.

Importante lembrar que o próprio torneio chamou minha atenção pelo carisma, não pelos jogos incríveis e marcantes. Neste mundo tão intenso e cheio de normas em que nos encontramos, esbarrar com cenas mais descontraídas torna tudo mais leve, mais próximo, mais humano.
Carisma importa. É aquele fator X que faz você prestar mais atenção em alguém. É aquele magnetismo que faz você parar para assistir ou escutar uma pessoa, muitas vezes, do nada. Além de gerar momentos agradáveis para todos ao redor, constrói conexões e abre portas que, muitas vezes, nem mesmo pessoas mais talentosas teriam acesso.
Você não precisa explodir toda vez que não conseguir conquistar algo que almeja. Mas eu garanto, você pode ganhar muito por ser autêntico, simpático e carismático.