Fiquei sumidinha daqui, mas voltei com uma resenha do melhor livro que li esse ano até agora: Três, de Valérie Perrin.
Ele conta a história surpreendente de três amigos: Nina, Adrien e Étienne que se conhecem na escola e se tornam inseparáveis. Contudo, à medida em que cada um segue seu caminho, o trio se distancia e, 30 anos depois, perdem todo o contato. Os três se cruzam novamente quando um carro é encontrado submerso no lago de sua cidade natal.
A história é narrada de forma intercalada entre presente e passado. Isso sempre faz eu ler muito mais rápido, porque fico curiosa. A narrativa é feita por Virginie, uma jornalista que investiga o incidente do carro. Pelo olhar dela passamos a conhecer os personagens principais: Nina é abandonada pela mãe e criada pelo avô materno, ama os animais e arte. Adrien é o mais quieto e introspectivo do grupo, mora com a mãe e eventualmente se encontra com o pai em Paris. Étienne mora com os pais, tem dois irmãos e é descolado, popular e não gosta de estudar.
"Somos três ou nada. Três ou a solidão."
A trama envolve não só os personagens principais, mas também suas famílias e demais personagens coadjuvantes que, para minha surpresa, são, em sua grande maioria, pessoas boas e queridas. Por esse motivo, achei impressionante perceber que cercadas por pessoas que as querem bem, elas ainda enfrentam tantos dramas e sofrimentos. É notável a construção da autora em conseguir criar tanto drama e tensão sem recorrer a personagens malvados e clichês.
Outro ponto que me chamou a atenção foi que, embora a leitura fique um pouco lenta em alguns momentos – não por falta de temas relevantes, mas simplesmente porque acompanhar a longa trajetória de três pessoas pode ser cansativo – a autora consegue manter o suspense em torno dos três personagens principais ao longo de todo o livro. Valérie aborda temas como luto, amor, abandono, família e machismo com sensibilidade e elegância. O mais importante de todos, no entanto, eu não irei revelar (para poupar vocês do maior spoiler! risos), me apresentou um assunto distante da minha realidade que me tocou profundamente, além de me tornar uma pessoa mais empática.
Por fim, posso afirmar que essa é uma história sobre ciclos e como os personagens evoluem ao longo da vida. Assim que finalizei o livro fiquei um pouco incomodada com o final, mas, depois de refletir, entendi que talvez a autora tenha escolhido deixar fios soltos propositalmente. Afinal, muitas vezes, não sabemos qual rumo a vida de nossos amigos vai tomar, não é? Na vida real não existe “felizes para sempre”, ela continua, com seus altos e baixos.
Se você já leu esse livro, me conta o que achou?